Julho é o mês do meu aniversário, então eu achei de bom tom escolher para a nossa leitura o que seria meu livro favorito da vida (até agora): Lincoln no limbo, de George Saunders.
Vai ter sorteio? Vai ter sim, então leia até o final!
Por que escolhi esse livro?
Quem me acompanha há mais tempo sabe que eu sou obcecada por esse livro, e eu queria reler. Já conhecia o George Saunders dos contos, e sou apaixonada pelos textos dele — sempre cheios de humor, mas também meio fantásticos e obscuros. Lincoln no limbo é o seu primeiro romance, vencedor do Man Booker Prize, e eu li em 2016, logo depois dele ter sido lançado nos EUA.
Como foi uma leitura que fiz em inglês, quero ver como ficou a tradução de Jorio Dauster feita para a Companhia das Letras — que também lançou Dez de dezembro, único livro de contos dele publicado aqui que, aliás, eu reli ano passado e comentei semanalmente cada conto lá no Instagram. Também li (em inglês) Pastoralia.
Lincoln no limbo é um dos livros mais geniais que eu já li. Não estou exagerando não. Ele é contado de uma maneira que nunca vi antes na literatura, e isso por si só já é um grande feito. Mas o que pega mesmo é a história.
Sobre o que ele é?
Nos EUA da Guerra Civil, o presidente Abraham Lincoln acaba de perder seu filho de 11 anos, Willie. Enterrado no cemitério de Washington, o fantasma do menino passa a habitar o lugar, gerando preocupação de três outros fantasmas residentes. São esses três fantasmas que conduzirão a maior parte da narrativa, contando suas histórias uns para os outros, ansiando para conseguirem se comunicar com os vivos para poderem “seguir em frente”. São fantasmas que não aceitaram a morte, assim como Willie. E toda noite, Lincoln volta lá para abraçar o corpo do filho morto, enquanto os fantasmas observam espantados o carinho que ele tem pelo corpo sem vida.
São dezenas de personagens que George Saunders cria para construir esse mundo do além. E, enquanto a Guerra Civil corre solta, temos vislumbres também sobre o que está acontecendo no mundo dos vivos.
Só que isso tudo é feito de uma maneira diferente: quem narra são os fantasmas, em diálogos ou monólogos que não possuem uma terceira pessoa para contar a história. Já os fatos dos vivos são apresentados como citações de livros, apresentando o contexto e as contradições sobre o que dizem de cada personagem.
Quem é George Saunders?
Saunders nasceu em 1958 no Texas, EUA, e sempre se dedicou à escrita. É considerado um dos maiores contistas da literatura norte-americana atual, e um especialista em literatura — ele é professor de escrita criativa na Universidade de Syracuse, uma aula bem famosinha, viu?
Além dos contos, ele também é autor de ensaios (recentemente lançou um livro analisando contos russos), livros infantis e novelas. Lincoln no limbo, como falei antes, foi seu primeiro romance e foi premiado com o Man Booker Prize de 2016 — nunca torci antes para um livro ganhar, rs.
Recentemente um dos contos de Dez de dezembro foi adaptado pela Netflix no filme Spiderhead, protagonizado pro Chris Hemsworth e Miles Teller.
Além de escritor excelente, considero o George Saunders uma das pessoas mais queridas que existem. Para terem uma ideia, só deem uma olhada nesse discurso dele sobre a importância de ser gentil. Um fofo.
Por que você vai gostar de ler?
Porque é uma história maravilhosa e diferente de tudo o que você já leu! Aviso de antemão que você pode sentir dificuldade no início da leitura, pois realmente é diferente do que estamos acostumados. Não tem um narrador guiando a história, por isso digo também que esse livro é uma cacofonia de vozes, pois as personagens se interrompem, mudam o rumo da prosa, novas pessoas surgem do nada e você fica um pouco perdido.
Mas insisto que, quando você se acostuma, a coisa flui naturalmente. Você chega a reconhecer a personagem só pelo jeito que Saunders faz ela falar. Pela escolha das palavras, pelo tom… É como se você começasse a ouvir as vozes deles. Enfim, perfeito.
Onde garantir o seu exemplar?
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E é isso! Espero que tenham gostado da escolha para julho, e espero que curtam também essa leitura!
Até logo!